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Porto Velho

“Pura covardia”: destruição de balsas na Sexta-Feira Santa revolta garimpeiros do Madeira

Ação da Polícia Federal e Ibama surpreende comunidade em meio à cheia do rio e levanta acusações de abuso e perseguição


Em plena Sexta-Feira Santa, enquanto milhares de ribeirinhos sofrem com a cheia do rio Madeira, agentes da Polícia Federal e do Ibama promoveram mais uma operação contra garimpeiros da região. Com uso de explosivos, destruíram diversas balsas que estavam ancoradas, sem que estivessem em atividade ilegal no momento da abordagem.

A denúncia foi feita pela advogada Tânia Sena, presidente da cooperativa que representa os trabalhadores do garimpo. Segundo ela, houve casos em que balsas foram retiradas do ancoradouro e levadas até o meio do rio apenas para serem destruídas. “Pura covardia”, classificou Tânia, em vídeo publicado nas redes sociais. Ela reforçou que muitas dessas embarcações pertencem a famílias humildes, que agora estão sem fonte de renda e sem abrigo.

Essa não foi a primeira ação repressiva com esse perfil. Em operações anteriores, balsas que também serviam de moradia foram queimadas. A situação se agravou ao ponto de muitos garimpeiros dependerem exclusivamente de doações ou de programas sociais para sobreviver. Alguns ainda tentaram plantar alimentos nas margens do rio, mas perderam tudo após novas investidas. O cenário atual, segundo relatos, é de absoluta miséria.

A ofensiva desta sexta-feira reforça a sensação de que há um plano deliberado para acabar com o garimpo artesanal no Madeira — único meio de sustento de centenas de famílias da região. A operação acontece às vésperas da visita do presidente Lula a Rondônia, marcada para a próxima quinta-feira. Caso deseje, o presidente poderá anunciar com orgulho o fim das atividades garimpeiras no rio, agradando a ONGs ambientalistas e interesses internacionais que, segundo líderes locais, têm influenciado cada vez mais as decisões sobre a Amazônia.

“Estão destruindo a economia local. E quando não sobra alternativa, a única porta que se abre é a do crime”, alertou um garimpeiro que preferiu não se identificar. A preocupação é compartilhada pelo ex-ministro Aldo Rebelo, que recentemente afirmou que, sem oportunidades reais de trabalho, muitos jovens acabam sendo recrutados por facções que dominam boa parte da região amazônica.

Enquanto o governo comemora dados ambientais, a realidade no Madeira se torna cada vez mais desesperadora. Para quem depende do garimpo, resta apenas resistir — ou se render à marginalização.